COMPANHIA DE ARTILHARIA Nº 637
OS PRIMEIROS NA GUERRA DO NIASSA
OS PRIMEIROS NA GUERRA DO NIASSA
RESUMO DA SUA HISTÓRIA DE GUERRA
A Companhia de Artilharia nº 637 embarcou em Lisboa em 01Abr64, no Navio NIASSA, com destino a Moçambique, integrada no Batalhão de Artilharia nº 639. Chegou a Lourenço Marques em 21Abr64, onde desfilou conjuntamente com as restantes unidades do Batalhão.
A Cart637 desfilando em Lourenço Marques no dia 21 de Abril de 1964
É porta Guião o 2º Sargento Faria Barbosa
É Cmdt. da Companhia o Capitão de Artª Gagliardini Graça
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Quartel de Maúa |
Foi-lhe atribuída uma Zona de Acção que compreendia as áreas dos Postos Administrativos de MAÚA, REVIA, MUNGO e NIPEPE, por onde realizou várias operações de reconhecimento, nomadização, acção psicológica e exercícios de preparação e treino operacponal.
Missa Campal |
Longe das famílias e com o perigo sempre eminente, acentua-se o sentimento religioso
Em 12Jan65 destaca dois Grupos de Combate para reforçar o BCaç598, instalado em Vila Cabral. Estes GrComb exerceram atividade operacional nas zonas de MANIAMBA, CODUÉ, OLIVENÇA, MATACA e LIPOGE
Regressaram a Maúa em 31 de Janeiro.
A 16Fev65 a Cart637 vai, na sua máxima força, reforçar o BCaç598 na região de MANDIMBA, onde se previam ações de grupos IN vindos do MALAWI.
Regressou em 01Mar65.
Em 19Mai65 é a Cart637 destacada para VILA CABRAL, em reforço do BCaç598, e vai de imediato nomadizar entre NOVA COIMBRA E MIANDICA, montando uma base (acampamento) em MESSUMBA a partir da qual faz várias operações.
Em 29Mai65 monta nova base entre MONHEERE e MIANDICA, perto da povoação de ABILO, a partir da qual realiza diversas operações nas zonas de ABILO, LIGANGA, MIANDICA e POMBAMALI.
Base de Abilo |
Foi nestas condições que a Cart637 permaneceu desde 29Mai65 até 16Jul65.
Cada Esquadra ocupava um abrigo destes.
Na foto o Furriel CARVALHO SANTOS
Na foto o Furriel CARVALHO SANTOS
Em 14Jun65, quando um Grupo de Combate se desloca da base para MIANDICA, foi accionada uma mina, seguida de emboscada, onde morreu o Soldado JOSÉ DE ARAÚJO SENDÃO. Foi a primeira mina detectada em território de Moçambique e o primeiro militar da CART637 caído em combate. No mesmo local, a poucos metros, foi localizada uma segunda mina que foi levantada com êxito pelo 2º Sargtº Faria Barbosa. Foi também a primeira mina levantada em Moçambique.
Primeira mina levantada em Moçambique No buraco e ao lado vêm-se petardos de TNT com que as minas eram reforçadas |
Esta mina foi inactivada, analisada e estudado o seu dispositivo de funcionamento pelo 2º Sargtº F. Barbosa o qual elaborou um relatório que foi enviado ao Escalão superior e por este divulgado às restantes unidades em operações.
Viatura destruída por uma mina
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A Cart637 manteve-se acampada nesta base de ABILO até 16Jul65, tendo realizado várias operações com e sem contacto com o inimigo.
Nesta data a Cart637 desactiva a base, monta algumas armadilhas no local e inicia a viagem de regresso a Vila Cabral, beneficiando de apoio aéreo a partir do rio LUNHO. Chegou a Vila Cabral em 17.
Manteve-se em Vila Cabral até 06Ago65, fazendo escoltas a diversas colunas de reabastecimento, lanchas dos “fusos” e outras operações em colaboração com as autoridades administrativas.
A partir de 06Ago65 instala-se em MANIAMBA, (junto do Posto da Administração Civil) onde lhe é atribuída uma ZA compreendida entre o LAGO NIASSA e o rio MESSINGUE e desde o cruzamento METANGULA – NOVA COIMBRA até ao Km 40 da estrada VILA CABRAL – MANIAMBA.
A capacidade do Soldado Português no que toca a adaptação e improviso é surpreendente Na foto o Soldado BRAVO RIJO |
Daqui parte para diversas operações, tendo numa delas, na região de COLOMA, sofrido uma emboscada, com forte poder de fogo inimigo, de que resultaram dois mortos - Furriel ANTÓNIO MARQUES CARNEIRO e o Soldado AMÍLCAR GONÇALVES DA COSTA RAMOS (o Algarve). O inimigo teve 11 mortos confirmados e, segundo notícias posteriores, cerca de 15 feridos.
A Cart637 manteve-se em MANIAMBA até 13Nov65 realizando operações de combate, escoltas e outras, nas zonas de MEPONDA, COLOMA, rio MESSINGUE, PAGAGE e na célebre zona do CARACOL na estrada entre MANIAMBA e METANGULA.
Morteiro 60mm |
Para facilidade de transporte dispensava-se o prato-base.
Na foto o Furriel Ambrósio Lameira
Em 13Nov65 e 18Nov65 a Cart637 regressa a MAÚA, (dividida em dois escalões) terminando assim a sua actuação da zona de VILA CABRAL.
Entretanto as actividades do IN na zona de MAÚA haviam-se intensificado e a Cart637 foi chamada a executar várias operações de combate nas regiões de REVIA, rio NECOLEZE, MUOCO, MECULA, NIPEPE, em algumas FAZENDAS, etc., tendo sofrido mais um morto, o Soldado CARLOS ALBERTO (o Lamego), que tombou em combate em NECOLEZE no dia 05Abr66.
Em 10Out66 a Cart637 regressa finalmente à Metrópole, a bordo do mesmo N/T NIASSA, depois de 2 anos, 5 meses e 14 dias passados sempre em zonas de combate, deixando em cemitérios de Moçambique (Vila Cabral e Missão de Maúa) quatro dos seus militares mortos em combate, naquela guerra que não quiseram mas a que não se furtaram.
A Cart637, muito apropiadamente, adoptou para divisa do seu distintivo OS PRIMEIROS NA GUERRA DO NIASSA pois, juntamente com outras unidades, enfrentou os primeiros ataques inimigos em território de Moçambique.
Os seus militares regressaram com a certeza do dever cumprido e actualmente, nos seus encontros anuais, curvam-se perante a memória dos que lá ficaram, os quais morreram servindo sob a Bandeira da Pátria Portuguesa.
Os seus militares regressaram com a certeza do dever cumprido e actualmente, nos seus encontros anuais, curvam-se perante a memória dos que lá ficaram, os quais morreram servindo sob a Bandeira da Pátria Portuguesa.
A PÁTRIA HONRARAM QUE A PÁTRIA OS CONTEMPLE
FARIA BARBOSA
2º SARGTº DA CART637
2º SARGTº DA CART637
Gosto muito do que li sobre o Lunho e a Miandica tambem por lá estive com a C.caç.4141 os gaviões Novembro de 1972 a 20 de Março de 1974 quando a C.Ar.7260 nos foi render,Um abraço a todos os que estiveram no Lunho e Na Miandica.
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ResponderEliminarchiefpeixoto7@gmai.com
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ResponderEliminarHINO DO LUNHO
ResponderEliminarNo céu cinzento sob o astro mudo
Batem a hélices na terra esquentada
Vêem-se em bandos com pés de veludo
Chupar sangue fresco da manada.
Estou farto deles
Esto farto deles
E não fazem nada.
e alguem se engana com o seu sorrir
E lhes franqueia as portas à chegada
Só mandam vir e não fazem nada.
Quantas mercedes sr.capitão
Até agora foram fornicadas?
Eu bem lhe disse que pusesse os homens
Picando minas fazendo emboscadas.
A toda a parte chegam helicópteros
Poisam nos tandos poisam nas picadas
Trazem no ventre os cabeças de oiro
Que de guerrilha não percebem nada.
Foi de prepósito
Foi de prepósito
Foi de prepósito
Que ela foi estoirada.
São os reizinhos do Niassa todo
Senhores por escolha mandadores s/punho
Aceitam cunhas e dizendo que não
Passam as rondas sobre o céu do Lunho
No chão do medo tombam os vencidos
Ouvem-se gritos na noite abafada
Jazem nos fossos vitimas de um credo
E não se esgota o sangue da manada
Só quero feridos à segunda feira
Nã quero mais evacuações
O inimigo deve conhecer-se
Vámos chamálo para as espeções
Fazendo a estrada sobre o chão de greda
Fazem-se aterros pontes e pontões
Ouvem-se os tiros lá na emboscada
Aqui no Lunho é que há leões
Agora queriam arrazar o Lunho
Deixar a estrada abandonar a pista
É muito bom já ninguem duvida
deixa contente qualquer terrorista
Ouve-se um estrondo todo o chão tremendo
Saltam as chispas com grande estupor
Soam as tubas o que terá sido?
Mudou o chefe de sector.
Estou farto deles
estou farto deles
Só mandam vir
E não fzem nada
Acaba a guerra
Eu cá sou bom
Sou candeeiro
E tambem Fougon
Tremem as paredes de qualquer quartel
Faltam militares anda tudo à bulha
Ri-se o capitão ri-se o coronel
Com esta moda de mini patrulha
Estou farto deles
Estou farto deles
Só mandam vir e não fazem nada
Por uma ponte sem terminação
O nosso sangue foi sacrificado
Mas aleluia não será lembrado
pelas cabeças do ar condicionado
Encher o peito de metal brilhante
É essa a expiração
Para isso deixa os turra sózinhos
Dentro da linha de contenção
Estou farto deles
Estou farto deles
Só mandam vir e não fazem nada
Deixem conhece-los
Organizá-los
Depois eu
Deito-hes a mão
Se alguem se engana com o seu sorrir
E lhes franqueia as portas à chegada
Só mandam vir
Só mandam vr
Só mandam vir
E não fazem nada
Estranha maneira de tratar o cancro
Que se propaga por nossa nação
Ele será leigo ou talvês ceifeiro
Mas nunca médico ou cirugião.
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