sexta-feira, 9 de outubro de 2009
BARBOSA
MANUEL JOAQUIM FARIA BARBOSA
EX – 2º SARGENTO DA CART 637
RECORDAÇÕES DE DIAS VIVIDOS NA CART 637
1963
Nos meus verdes vinte e quatro anos fui nomeado para fazer parte da CART 637, formada (em Outubro de1963) no então RAP 2, na Serra do Pilar – V. N. GAIA, com destino a Moçambique. Éramos apenas três militares do Quadro Permanente: eu (Fur. /2º Sarg.), o1º Sarg. Martins e o Comandante da CART (Capitão Graça), num total de 169 militares. Os restantes (5 oficiais, 15 Sargentos e 146 praças) eram todos milicianos e praças do serviço militar obrigatório.
Desde logo foi notório o espírito de camaradagem entre todos os componentes da Companhia, sem comprometer o sentido do dever e o respeito pela disciplina, pois íamos iniciar um longo período de vivência em comum, enfrentar perigos e outros horrores inerentes a uma situação de guerra.
Embarcamos no Navio Niassa em 1 de Abril de 1964
1964/65/66
Não nos esperava tarefa fácil nessa ex - Província Portuguesa, conforme se pode constatar lendo a História da CART637.
Fomos os PRIMEIROS NA GUERRA DO NIASSA
e quatro dos nossos camaradas lá perderam a vida, nessa guerra que não quiseram mas a que não se furtaram, porque a missão do militar não é questionar a guerra mas sim enfrentá-la. Morreram ao serviço da Pátria e tanto deram à Pátria a troco de tão pouco….
Regressei à Metrópole em Outubro de 1965, a fim de ingressar na Academia Militar, pelo que não vivi nem tomei parte em algumas das acções mais marcantes da minha Companhia.
2009
Passados que são 45 anos (já idosos avós) reunimo-nos anualmente em confraternização, recordando o bom ambiente vivido entre militares, quer do QP quer do Serviço Obrigatório, de que era expoente máximo o Comandante da Companhia (Capitão Gagliardini Graça) que, infelizmente, já nos deixou, assim como tantos outros que recordamos com saudade.
Confraternizamos e recordamos tempos passados nessas inóspitas terras africanas, sem complexos pois limitámo-nos a cumprir a nossa missão servindo sob a Bandeira da Pátria Portuguesa que, segundo nos diziam, se estendia do Minho até Timor. Nada nos pesa na consciência pois fizemos a guerra apenas com o espírito do cumprimento do dever, lutamos sem ódio e com lealdade, no respeito pela deontologia militar, honramos os nossos amigos e nunca humilhamos os nossos inimigos. Nenhum ex militar da CART 637 se sente diminuido pela sua participação na guerra.
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Parabens,Ribeiro da Silva,por esta iniciativa,nunca é tarde! fiquei um pouco comovido,ao lêr as palavras do nosso Tenente-Coronel Barbosa,que muito lhe devemos,em relação aos nossos convivios.Um abraço A.B.Rijo
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