terça-feira, 17 de abril de 2012

ENCONTRO ANUAL 2012

Foi no passado dia 14 de Abril que mais uma vez nos encontramos para o nosso habitual convívio anual, integrados no Batalhão de Artilharia 639 de que fizemos parte.
Como do antecedente iniciamos o convívio participando numa missa de sufrágio pelos nossos camaradas já falecidos.

Seguiu-se a cerimónia de homenagem aos nossos mortos, junto do monumento do quartel da Serra do Pilar, que foi bastante prejudicada pelo mau tempo que se fez sentir especialmente pela queda de um forte aguaceiro no ponto alto das cerimónias.

Não se nota mas apanhei uma grande molha

Não contamos com a presença física do nosso Comandante, Capitão (Coronel) Gagliardini Graça, que já nos deixou, mas o mesmo está sempre presente dentro de cada um de nós e foi muito bem representado pela presença da sua esposa D. Benedita e por dois netos, filhos do João Nuno que deu os seus primeiros passos em Maúa pela mão de alguns de nós.
Devido às más condições atmosféricas não pudemos tirar as habituais fotografias das companhias junto ao monumento e seguimos de imediato para o restaurante. 
  
Aqui fica a fotografia de família, tirada nas escadas do restaurante, onde, entre e outros, se destaca a o nosso grande amigo Furriel Ambrósio Lameira (em baixo à direita de quem olha) que já há alguns anos não marcava presença por motivos de saúde. Torcemos por uma total recuperação e esperamos que nos acompanhe nos próximos encontros, embora reconheçamos que, vivendo em Beja, não lhe seja muito fácil.
Um abraço para todos e até para o ano.

FARIA BARBOSA
2º Sarg. da 637
 

domingo, 18 de março de 2012

RESUMO HISTÓRICO

COMPANHIA DE ARTILHARIA Nº 637
OS PRIMEIROS NA GUERRA DO NIASSA
 

RESUMO DA SUA HISTÓRIA DE GUERRA

A Companhia de Artilharia nº 637 embarcou em Lisboa em 01Abr64, no Navio NIASSA, com destino a Moçambique, integrada no Batalhão de Artilharia nº 639. Chegou a Lourenço Marques em 21Abr64, onde desfilou conjuntamente com as restantes unidades do Batalhão.
  
A Cart637 desfilando em Lourenço Marques no dia 21 de Abril de 1964
É porta Guião o 2º Sargento Faria Barbosa
É Cmdt. da Companhia o Capitão de Artª Gagliardini Graça

De imediato seguiu para Norte a bordo do mesmo navio e desembarcou em NACALA a 26Abr64, seguindo por via terrestre para MAÚA, onde ficou aquartelada nas instalações de uma antiga fábrica de descasque de algodão.

Quartel de Maúa

Foi-lhe atribuída uma Zona de Acção que compreendia as áreas dos Postos Administrativos de MAÚA, REVIA, MUNGO e NIPEPE, por onde realizou várias operações de reconhecimento, nomadização, acção psicológica e exercícios de preparação e treino operacponal.

Missa Campal
Longe das famílias e com o perigo sempre eminente, acentua-se o sentimento religioso

Em 12Jan65 destaca dois Grupos de Combate para reforçar o BCaç598, instalado em Vila Cabral. Estes GrComb exerceram atividade operacional nas zonas de MANIAMBA, CODUÉ, OLIVENÇA, MATACA e LIPOGE
Regressaram a Maúa em 31 de Janeiro.
A 16Fev65 a Cart637 vai, na sua máxima força, reforçar o BCaç598 na região de MANDIMBA, onde se previam ações de grupos IN vindos do MALAWI.
Regressou em 01Mar65.
Em 19Mai65 é a Cart637 destacada para VILA CABRAL, em reforço do BCaç598, e vai de imediato nomadizar entre NOVA COIMBRA E MIANDICA, montando uma base (acampamento) em MESSUMBA a partir da qual faz várias operações.
Em 29Mai65 monta nova base entre MONHEERE e MIANDICA, perto da povoação de ABILO, a partir da qual realiza diversas operações nas zonas de ABILO, LIGANGA, MIANDICA e POMBAMALI.

Base de Abilo
Foi nestas condições que a Cart637 permaneceu desde 29Mai65 até 16Jul65.
Cada Esquadra ocupava um abrigo destes.
Na foto o Furriel CARVALHO SANTOS


Em 14Jun65, quando um Grupo de Combate se desloca da base para MIANDICA, foi accionada uma mina, seguida de emboscada, onde morreu o Soldado JOSÉ DE ARAÚJO SENDÃO. Foi a primeira mina detectada em território de Moçambique e o primeiro militar da CART637 caído em combate. No mesmo local, a poucos metros, foi localizada uma segunda mina que foi levantada com êxito pelo 2º Sargtº Faria Barbosa. Foi também a primeira mina levantada em Moçambique.

Primeira mina levantada em Moçambique
No buraco e ao lado vêm-se petardos de TNT com que as minas eram reforçadas 

Esta mina foi inactivada, analisada e estudado o seu dispositivo de funcionamento pelo 2º Sargtº F. Barbosa o qual elaborou um relatório que foi enviado ao Escalão superior e por este divulgado às restantes unidades em operações.

Viatura destruída por uma mina

A Cart637 manteve-se acampada nesta base de ABILO até 16Jul65, tendo realizado várias operações com e sem contacto com o inimigo.
Nesta data a Cart637 desactiva a base, monta algumas armadilhas no local e inicia a viagem de regresso a Vila Cabral, beneficiando de apoio aéreo a partir do rio LUNHO. Chegou a Vila Cabral em 17.
Manteve-se em Vila Cabral até 06Ago65, fazendo escoltas a diversas colunas de reabastecimento, lanchas dos “fusos” e outras operações em colaboração com as autoridades administrativas.
A partir de 06Ago65 instala-se em MANIAMBA, (junto do Posto da Administração Civil) onde lhe é atribuída uma ZA compreendida entre o LAGO NIASSA e o rio MESSINGUE e desde o cruzamento METANGULA – NOVA COIMBRA até ao Km 40 da estrada VILA CABRAL – MANIAMBA.
A capacidade do Soldado Português no que toca a adaptação e improviso é surpreendente
Na foto o Soldado BRAVO RIJO
Daqui parte para diversas operações, tendo numa delas, na região de COLOMA, sofrido uma emboscada, com forte poder de fogo inimigo, de que resultaram dois mortos - Furriel ANTÓNIO MARQUES CARNEIRO e o Soldado AMÍLCAR GONÇALVES DA COSTA RAMOS (o Algarve). O inimigo teve 11 mortos confirmados e, segundo notícias posteriores, cerca de 15 feridos.
A Cart637 manteve-se em MANIAMBA até 13Nov65 realizando operações de combate, escoltas e outras, nas zonas de MEPONDA, COLOMA, rio MESSINGUE, PAGAGE e na célebre zona do CARACOL na estrada entre MANIAMBA e METANGULA.

Morteiro 60mm
Para facilidade de transporte dispensava-se o prato-base.
Na foto o Furriel Ambrósio Lameira

Em 13Nov65 e 18Nov65 a Cart637 regressa a MAÚA, (dividida em dois escalões) terminando assim a sua actuação da zona de VILA CABRAL.
Entretanto as actividades do IN na zona de MAÚA haviam-se intensificado e a Cart637 foi chamada a executar várias operações de combate nas regiões de REVIA, rio NECOLEZE, MUOCO, MECULA, NIPEPE, em algumas FAZENDAS, etc., tendo sofrido mais um morto, o Soldado CARLOS ALBERTO (o Lamego), que tombou em combate em NECOLEZE no dia 05Abr66.
Em 10Out66 a Cart637 regressa finalmente à Metrópole, a bordo do mesmo N/T NIASSA, depois de 2 anos, 5 meses e 14 dias passados sempre em zonas de combate, deixando em cemitérios de Moçambique (Vila Cabral e Missão de Maúa) quatro dos seus militares mortos em combate, naquela guerra que não quiseram mas a que não se furtaram.
A Cart637, muito apropiadamente, adoptou para divisa do seu distintivo OS PRIMEIROS NA GUERRA DO NIASSA pois, juntamente com outras unidades, enfrentou os primeiros ataques inimigos em território de Moçambique.
 Os seus militares regressaram com a certeza do dever cumprido e actualmente, nos seus encontros anuais, curvam-se perante a memória dos que lá ficaram, os quais morreram servindo sob a Bandeira da Pátria Portuguesa.

A PÁTRIA HONRARAM QUE A PÁTRIA OS CONTEMPLE

FARIA BARBOSA
2º SARGTº DA CART637